Emily - Villa de Darkan

Leonardo concentrou-se, o som da musica suave ecoava no salão. O ar a sua frente ondulava, pequenas vibrações na superfície de uma esfera do que parecia ser um liquido feito de ar. A ponte entre plano dos mortais e o Éden, era chegada a hora da partida. Emily pela primeira vez viajaria para a terra sozinha. Trocaram palavras carinhosas, como um pai que se despede de sua filha antes de uma viagem, feliz pelo seu crescimento porem cheio de preocupação.

Ela estava indo a região conhecida como o Vale Rubro, ao norte da Inglaterra, lá deveria procurar um Arcanjo chamado Sengir, o atual protetor da região. Segundo Leonardo ela deveria tomar cuidado, apesar da paz que imperava na região. Sengir não era conhecido por deixar erros seguirem sem punição, apesar de justo ele não tinha o costume de demonstrar compaixão. Ele pediu que ela ficasse sempre alerta, demônios e criaturas do Verme Magnos tem o péssimo habito de caçar os seus companheiros de clero.

Adentrar o portal se assemelhava mergulhar em uma lagoa, porem sem realmente mergulhar. O vento forte foi a primeira indicação que não estava mais na Cidade de Cristal. O vento trazia consigo o mundo, ele carregava em si seus aromas, um profusão de cheiros misturados preencheram as narinas de Emily. Sob seus pés uma grama úmida e macia, as folhas da grama roçavam em suas pernas, suaves ao toque. Ao longe pode avistar as montanhas que formavam o vale, altas e imponentes elas abraçavam a região onde ficava a pequena vila de Darkan.

Darkan era uma pequena vila na base da colina em que Emily estava, naquele inicio de noite era possivel avistar algumas luzes pela cidade. Emily havia esquecido como o mundo dos homens era desprovido de luz, não que a escuridão fosse um problema para ela. Emily caminhou durante alguns minutos até chegar a uma pequena casa na colina, se tudo estivesse acontecendo como planejado aquela deveria ser a casa de Sengir.



Emily se aproximou da porta de madeira, porem antes que ela pudesse decidir o que fazer a porta se abriu. Dentro da casa o ambiente era agradável e aconchegante, tudo organizado de maneira metódica e com um proposito claro. Emily chamou por Sengir, ninguém respondeu. Ela chamou novamente, nenhuma resposta. O silencio sepulcral a incomodava. Uma tempestade se formava no horizonte e duvida pairava sobre Emily, entrar, esperar ou quem sabe buscar abrigo na vila.

Muito tempo havia se passado desde que Emily chegara ao Edén e desde então ela aprendera muitas coisas sobre esse novo mundo, graças ao seu sábio e compreensivo mestre - Leonardo. Claro que às vezes ela se batia com algumas coisas, mas lá estava ele para ajudá-la no que fosse preciso.

Finalmente chegara o dia em que ela voltaria a terra que outrora pertencera, porém agora seria bem diferente e ela estaria sozinha. Como Leonardo contara, ela deveria encontrar um Arcanjo de nome Sengir, numa região conhecida como Vale Rubro. Ele também a informou que Sengir não era de perdoar erros tão facilmente, portanto ela deveria se esforçar bastante para não cometê-los. Além disso, ele também a alertou sobre como os servos da Vermis Magnis pareciam ter muito preferência em caçar os que pertenciam ao nosso clero e que por isso ela deveria tomar muito cuidado para não ser descoberta.

-- Está bem, Mestre... Quer dizer, Leonardo. - ela se corrigiu ao vê-lo levantar as sobrancelhas. Ela sabia o quanto ele não gostava quando o chamava assim, mas era meio difícil não esquecer que havia uma diferença de castas entre eles e sem querer acabava chamando-o de senhor ou Mestre. -- Vou me esforçar bastante enquanto estiver por lá. - ela disse dando um breve sorriso e abraçando-o em seguida. Assim que se afastaram, Emily se aproximou do portal - que Leonardo providenciara - e após ajeitar sua sacola nos ombros, acenou brevemente para ele e finalmente atravessou-o.

Assim que passou por ele, Emily sentiu como se mergulhasse num lago, apesar de não sentir o corpo molhado. Instantaneamente, ela percebeu que tinha chegado na terra, pois o vento que chegou até suas narinas e cabelos foi forte, trazendo com ele uma imensa mistura de cheiros. Como se não bastasse isso, ela ainda pode sentir a grama que crescia naquele local, agradável ao toque e um tanto úmida. "De certa forma, isso me traz algumas lembranças..." ela pensou enquanto caminhava pelo local, indo na direção da vila onde encontraria Sengir. Reparando em como as montanhas que rodeavam a vila eram altas e se assemelhavam a uma fortaleza natural, Emily imaginou que aquele poderia ser um dos motivos para a região ser tranquila, afinal elas ofereciam uma boa proteção.

Apesar de já estar escurecendo, ela não viu grandes problemas naquilo, já que ainda conseguia distinguir bem o trajeto que percorria. Após caminhar por alguns minutos, Emily chegou até uma pequena casa, que se estivesse certa seria a casa de Sengir. Ela se aproximou para poder bater à porta, mas antes que fizesse aquilo a mesma abriu-se sozinha. Aquilo logo deixou Emily com receio de entrar e, apesar da pouca luz que iluminava o local revelar um ambiente aparentemente agradável e muito bem organizado, ela achou melhor agir com bastante cautela. Afinal o inimigo sempre podia estar por perto...

-- Senhor Sengir. - ela chamou pelo arcanjo mesmo estando receosa, mas não teve nenhuma resposta. -- Senhor Sengir. - ela disse, um pouco mais enérgica, esperando ser atendida porém não foi o que aconteceu. Aquele silêncio ininterrupto chegava a incomodar, contudo ao avistar uma tempestade que começava a despontar no horizonte e mesmo desconfiada por não ter tido nenhuma resposta, Emily achou bom entrar e esperar. Não que ela ficasse incomodada com a chuva ou não quisesse ir até a vila, mas se as instruções de Leonardo indicavam que aquela era a casa de Sengir, não desviaria de seu caminho a não ser que realmente fosse necessário.

O tempo passava devagar enquanto ela esperava. Um gotejar vindo de um dos cômodos internos da casa, o vento vibrando as janelas, as brasas crepitando na lareira. Tudo parecia demorar uma eternidade para acontecer.

O silencio foi quebrando por alguém destrancando a porta e a abrindo. O barulho tirou Emily de um estado de semi torpor, ela levantou. Se apresentaria a Sengir assim que ele entrasse. Emily não recordava de ter fechado a porta, muito menos de tê-la trancado.

Quando Emily ja fazia uma reverencia, percebeu que quem abriu a porta foi uma mulher. A mulher trajava roupas de qualidade e algumas joias, em seu rosto uma mistura de raiva, indignação e algo que Emily não conseguia dizer com certeza.



---Quem é você? - A mulher parecia furiosa com a presença de Emily. --- Que porra você ta fazendo aqui? - A chave balançando em um cordão de couro.

Horas pareciam ter se passado desde que Emily decidira entrar e esperar na casa por Sengir. O silêncio só era quebrado algumas vezes pelos ruídos que a casa fazia, tirando isso parecia que o tempo tinha parado.

De repente, o som da porta sendo destrancada "acordou" Emily e também deixou-a intrigada, afinal ela não lembrava de ter fechado a porta e principalmente de tê-la trancado - já que não possuía a chave. De qualquer forma, ela se levantou e se preparou para se apresentar, porém ficou surpresa ao ver que quem entrava era uma mulher. Vestindo roupas sofisticadas e joias, Emily pode ver o quanto a mulher estava indignada e também furiosa por encontrá-la em sua casa, já que elevara bastante sua voz ao questionar quem era ela e o que fazia ali. -- Desculpe-me pela invasão, não foi minha intenção. Eu apenas acreditei ser essa a casa de um senhor, um conhecido. Como a porta estava aberta, achei melhor entrar e esperar por ele, e... Bem, uma tempestade está vindo, então seria bom me abrigar também. Mas vejo que me enganei e novamente peço desculpas pela minha intromissão. Sendo assim, será melhor ir até a vila. - ela disse fazendo uma breve reverência e indo em direção a porta.

Emily se preparava para sair da casa, sem entender o que havia acontecido de errado. Ela tinha seguido as instruções de Leonardo a risca, não era para nada disso estar acontecendo. A mulher ainda gritava, xingando Emily vagabunda, biscate e outros adjetivos menos agradáveis, porem sem nenhum sinal a mulher desmaiou no meio da sala.

Antes que saísse da casa, sem entender o que tinha feito de errado e sob xingamentos da tal mulher estranha, Emily ouviu o barulho de algo caindo com grande impacto. Ao olhar para trás, viu que a mulher estava desfalecida no chão. Prontamente, ela voltou e correu até a mulher, para verificar o que tinha acontecido e procurou investigar o motivo para o desmaio.

{Emily pretende usar Análise Vital - Vitalidade nível 1 - para checar as condições da mulher e também verificar o que ela é - viva, morta-viva ou sem vida}

O membro 'Kamira' realizou a seguinte ação: Lançar dados

---

'd10' : 5, 8, 8, 1, 3, 4

Emily tentou se acalmar antes de utilizar seus poderes, expandir seus sentidos para captar as sutis energias que todos os seres vivos emanavam. Ela podia sentir o coração da mulher batendo e a energia vital fluindo dentro do corpo normalmente. Emily não conseguiu identificar o motivo do desmaio ou mesmo se a mulher tinha algum problema mais grave.

Enquanto Emily analisava o estado da mulher, um homem adentrou a sala. Ele parecia vir dos cômodos internos, um homem bonito seu olhar era de reprovação e decepção.

-- Seja bem vinda Emily, me chamo Sengir. Peço que perdoe a reação exagerada de Marcela.- Ele aproximou-se pegando a mulher e a retirando dos braços de Emily -- Peço que fique a vontade, irei levar Marcela a algum local seguro.

Apesar de ter procurado se concentrar, Emily não conseguiu obter muitas informações sobre a razão para o desmaio da mulher, mas ao menos sentiu seu coração bater e sua energia vital correr pelo corpo - como esperado de um ser humano.

Emily ainda procurava de alguma forma descobrir o que tinha acontecido quando foi surpreendida pela entrada de um homem na sala. Aparentemente ele vinha da parte interna da casa e expressava no olhar um misto de decepção e reprovação. Ela não sabia se aquilo  era direcionado a ela ou não, afinal tinha usado seus poderes, mas fora num nível muito baixo... -- Ah, eu... Obrigada, senhor Sengir. Não, tudo bem. - ela respondeu enquanto ele se aproximava e pegava a mulher (que ele disse se chamar Marcela) de seus braços. -- Se desejar, posso ajudá-lo a ver do que se trata. E como assim, local seguro? Há indícios do inimigo por perto? - ela perguntou enquanto se levantava e ajeitava a sacola nas costas.

--As ruas não são seguras o bastante para uma mulher esta transitando sozinha.- Senguir aproximou seu rosto do de Marcela. Ele sussurrou algo em seu ouvido e foi gradativamente recobrando a consciência.

--Marcela acho melhor eu acompanha-la até sua casa. A essa hora uma dama não deveria estar transitando sozinha pelas ruas.- Marcela tinha um ar confuso, porem seguindo a orientação de Sengir ela levantou partir. Ela ignorou a presença de Emily, como se a anja não estivesse ali.

--Não se preocupe, eu devo voltar logo. Além disso Melissa e Theros devem chegar em breve tambem.- Sengir tentou acalma-la enquanto saia pela porta acompanhando Marcela. Assim que ele saiu a porta fechou-se atrás dele.

-- Ah sim, tem razão. Mesmo um lugar aparentemente calmo como este pode esconder perigos... - ela disse enquanto via Sengir falar algo no ouvido da mulher, que foi acordando em pouco tempo.

Em seu olhar, ela parecia desnorteda, mas acabou por seguir o que Sengir falava e ao passar por Emily nem pareceu tê-la reconhecido. Garantindo que iria voltar rapidamente, Sengir ainda disse que duas pessoas chegariam - Melissa e Theros. Emily ficou um pouco apreensiva quando ele falou aquilo por não conhecê-los, mas como ele falava de maneira calma e despreocupada, ela tentou não ficar muito tensa.

Depois que Sengir saíra, ela sentara numa das cadeiras e ficou aguardando. Passaram-se alguns minutos até que a porta fosse aberta novamente e duas pessoas entrassem: a primeira era um jovem rapaz, de cabelos negros mesclados com vermelho, trajando vestes não tão sofisticadas quanto a de Marcela mas que ainda eram um pouco melhores. Ele tinha um olhar sério - no que ela notou que ele possuía olhos vermelhos -, como se estivesse preocupado com algo e apesar daquele olhar até que ele era bonito. Emily não reparou que ele olhava para ela surpreso, pois seu olhar foi para a outra pessoa que o acompanhava: pelo tamanho e pela aparência "fofa" era uma criança, uma garotinha. Ela tinha longos cabelos loiros e trajava roupas semelhantes a de Marcela, porém com mais tecidos por baixo. Tinha um olhar pensativo e também preocupado, como se planejasse algo.

Achando melhor se apresentar, Emily levantou. -- Ah... Olá, sou a Emily. Falo com Theros e Melissa? - ela perguntou dando um meio sorriso.

{Continua no topico - ANJOS - (Turno conjunto - Melissa e Emily)}