[ Felipe + Vitor ] O protetor e o curioso.

O guardião caminhava assim como seu patrono havia pedido. Ambos tinham em comum a ideia de proteção para a natureza e o bem estar da vida em si. Não demorara muito para que o Guardião ouvisse alguém ter exclamado algo. Seus passos seguiam ageis em comum ao terreno no qual já estava acostumado. Seu patrono também tivessa o mesmo senso de seguir ao som, pois era possível que alguem estivesse em perigo.

Arvad buscava, com todas as suas forças, se segurar para não ser levado. Não lhe parecia interessante ser levado rio abaixo. Com esfoço, puxava-se contra o tronco. Queria voltar a subir no mesmo, queria parar de lutar contra essa correnteza que insistia em leva-lo consigo.

Não muito longe, o Guardião pode enfim, ver um rapaz que tentava lutar contra as águas do rio.

Ao me deparar com aquela criatura em perigo, deixei-me entregar pela urgência da situação e disparei em direção ao que parecia um garoto, entoando um pedido quase suplicante:

-- Grande senhora das águas perimita-me ficar em dívida com a senhora mais uma vez, oferecei meu próprio sangue se for do seu agrado mas escute-me e deixe eu proteger essa vida.

Enquanto falava, movido de uma aflição por não saber se o aparente filhote aguentaria muito mais tempo, fui ao encontro dele na esperança de segura-lo. Ao chegar próximo do tronco ando com cuidado em direção, ao chegar, me seguro com uma mão e com a outra estendo ao filhote e simplesmente digo:
-- Segure em minha mão, agora!

Segura a mão do homem que passava por perto e havia resolvido salvar-lhe a vida. Usando do apoio sai de cima do tronco e termina a travessia.

Vira-se para o rio.
-peço perdão por ter achado que poderia atravessá-lo sem pedir. Pode ficar com o cajado.

Volta-se para o homem que havia lhe salvado.
-Muito obrigado, eu escorreguei enquanto atravessava.

Começa a tirar as coisas dos bolsos da capa, calça e camisa. Queria ver o que tinha molhado. Por sorte suas botas provavelmente foram salvas da água, o mesmo não pode ser dito de seu cajado de viagem.

-Então o que faz por essas bandas? Eu estou viajando, quero conhecer o mundo.

O espírito do xamã observara toda a ação feita pelo seu seguidor em pró da criatura em perigo. Ele se manteve calado, mas intrigou-se pelo garoto em si, que, diferente de vários outros já cruzados por ele e Guardião, não mantinham relações de respeito com a natureza em si como a que ele viu agora. Mesmo a sua vida estando em tamanho perigo. O xamã encosta a mão no ombro guardião, balançando singelamente um "sim" em sinal de satisfação pelo feito.

Após passado o momento de alerta, percebo algo diferente naquele filhote... Ele agradeceu de forma meio rude a ao espírito das águas, mas ele de fato agradeceu. Tenho experiências com outros viajantes qu e praquejam diante de situações parecidas, mas não aquele filhote... estava me perdendo na estranha voz melodiosa quando lembro de responder:

-- Não me agradeça, filhote agradeça a grande mãe que me pôs em seu caminho, ao espírito do rio, por ter aceito a troca e ao meu mestre. De que forma deseja conhecer o que vc chama de mundo? Parece que vai se partir na próxima vez que a grande mãe soprar contra vc. Se puder esperar eu cumprir meu dever, posso colocar algum peso em sua barriga.

Sem esperar uma resposta, sentei a margem a margem do leito do rio, tirei da cintura uma pequena faca de ossos fechei os olhos e comecei a entoar as palavras de forma serena.

-- Grande mestre que me gia como as estrelas na noite e o grande sol na manhã, ofereço meu sangue como troca pela vida que tomei do espírito da água, guia-me para que não falhe em manter o equilíbrio da grande mãe.

-- Você tem um mestre? É uma pena, um dia você vai conseguir sua liberdade. Eu geralmente caminho, as vezes pego carona com algumas caravanas e barcos, mas caminho a maior parte do tempo. Eu e a estrada dançamos juntos.

Arvad manteve uma certa distancia do homem, não tinha certeza dos motivos para ele pegar a faca, isso o preocupava um pouco. Não confiava no homem apesar dele ter lhe ajudado momentos atrás.

--Nos ultimos dias eu estava acompanhando o rio, na esperança de encontrar algo interessante. Alguns locais muito bonitos rio a cima.

Ainda mantendo uma certa distancia, Arvad calçou sua bota, preparando-se para fugir se necessario.

--Pena, filhote? Falei intrigado. - Pelo contrário, realmente tem muito que aprender. A partir dele eu me tornei livre, da forma que só o saber pode dar a qualquer criatura.

Esforcei meu olhar na direção do filhote tentando distinguir se nele haveria algum ferimento, ou se precisava de mais algum tipo de ajuda.

--Essa parte da... floresta, como vcs costumam chamar a grande mãe costuma a ser mais traiçoeira aos que não sabem se  guiar-se pelo caminho. Posso oferecer ajuda. Se não for contra o seu desejo posso acompanhar, também estou seguindo os caminhos da água

- Ele não está ferido. - Disse o xamã prontamente, percebendo a tentativa do Guardião de analisar Arvad. - Ao menos não aparente... Mas voce o intimida. - Ele deu mais uma pausa, ouvindo sua conversa - Interessante a ideia de acompanha-lo até os aldeões, se conseguir faze-lo confiar em ti.

--Para onde você está indo? E que tipo de ajuda você poderia oferecer? E o que você vai querer em troca?

-- Não quero nada em troca. Disse de forma calma, guardando a faca de osso, imaginando que tenha sido o motivo do desconforto  daquele filhote. - Existe certa sabedoria em ser desconfiado, imagino que venha de daqueles lugares cheio de gente pelas suas vestes. Não se preocupe, sei que ofereço pouco mais que minha palavra para confiares em mim, mas ao menos posso te ajudar por esse caminho enquanto estiver acompanhando o rio, afinal não é sabido deixar um filhote sozinho em tempos como esse. Pegue. Retirei a faca de ossos e a joguei próximo ao filhote. -Pegue-a e empunhe enquanto não confiar em mim. Antes de partir preciso pagar o preço que prometi ao espírito da água por ter salvado você.

Dizendo isso voltei a me sentar à margem do rio sem a faca, usei os próprios dentes parar rasgar um pedaço da minha mão até sentir o gosto de sangue na boca e comecei a falar.

-- Aceite o pagamento com o sangue do Guardião de toda a vida, sangue que terá de ser derramado no lugar dos indefesos e necessitados.
Após derramadas gotas no rio, só pude esperar serem aceitas pela orgulhosa e volúvel espírito da água.

--Você pode ficar com sua faca, só não tente nada suspeito.

Ao ver o homem morder a propria mão, memórias de quando havia passado fome correm por sua mente. Ele pega um pouco das frutas que trazia no bolso e entrega ao homem junto com a faca.

--Comer sua própria mão só vai te fazer mal. Coma as frutas, não é muito mas vão fazer a dor passar.

A água do rio continuou o seu percusso levando consigo o seu sangue oferecido de vontade própria. A copa das árvores se balançaram devido ao vento leve que passara após esses instantes. O xamã não mais era visto pelo guardião, deixando-o aparentemente só.

Satisfeito após entender que a oferta foi aceita e que seu mestre também o aprovara, levantei e me deparei com o filhote me oferecendo seu alimento e abrindo um sorriso largo respondi:

-- Vejo bondade em você pequeno filhote como poucas vezes vi em alguém antes. Guarde-o, não tenho fome, eu apenas precisava dar um pouco do meu sangue como troca ao espírito da água. Fique com a faca, ela o protegerá quando sua bondade não for suficiente . Melhor começarmos andar, a grande mãe abre seu caminho e vejo que vou gostar muito de ter sua companhia por enquanto e quem sabe o que eu posso aprender com você?! Afinal, de onde você vem?

--Não sei exatamente, fui encontrado quando era muito pequeno. Antes de completar dez invernos fui feito de escravo... acabei sendo movido de um lugar para o outro devido a vendas. A alguns meses eu fui libertado e tenho viajado desde então.

Guarda a faca no cinto, guarda as frutas novamente.

--Para que o rio precisa do seu sangue?

-- Para que precisava do seu cajado?
Fitei o filhote com seriedade.

--Apoio, pegar frutas, coçar as costas, pescar... um cajado é uma coisa bem util.

Olha para o homem sem entender a pergunta,pensando "Será que nessa idade ele não sabe as utilidades de um cajado?"

Uma risada involuntária e rimbombante surgiu em meu peito, a tempos não conversava com alguém se não seu mestre e aquele garoto tinha uma voz que valia a pena ouvir. Pensando nisso, continuou:
-- Você disse ao rio que poderia ficar com o cajado. Por que disse isso?

--Pq eu não tinha como pegar o cajado de volta, como foi a unica coisa que tinha caido no rio, por causa da minha queda, assim o rio não precisaria se sentir mal por ter levado meu cajado... que na verdade era só um galho longo. Perdoar é uma coisa boa.

Apos ponderar um pouco...
--Acho melhor continuarmos andando até encontrarmos um local para acampar. Vai anoitecer em breve e tem animais na floresta.

--Entendo... Bom, o sangue foi o que ofereci em troca por sua vida, ela parecia querer muito te levar e como você parecia algo valioso aos olhos dela, tive que dar algo valioso em troca para que ela não se virasse contra mim

-- ... ok.

--Você conhece a região?Mora por aqui?

-- Não tenho morada em lugar algum, apenas caminho pelo mundo, ajudando os que precisam ou sendo guiado pela sabedoria do meu mestre.

Começa a caminhar seguindo o curso do rio, estava um pouco preocupado com onde passaria a noite, caminhava enquanto procurava um lugar para acampar e frutas para comer. Precisava secar sua roupa o quanto antes e iria precisar descansar.

--Melhor a gente começar a andar antes que escureça.Seu mestre mandou você fazer o que no meio da floresta? Você está caçando para ele?

-- Eu protejo o que você chama de floresta e procuro manter o equilíbrio intacto, meu mestre apenas me guia onde sou mais necessário. Por causa dele pude encontrar você correndo perigo, vamos andando então.

A caminhada fora tranquila com os dois andarilhos. Dava para perceber que parte dos animais ao longe, tranquilos à presença dos mesmos. Horas passando e o sol finalizando o seu caminho pelo céu. Pontos brilhantes celestes humildemente apareciam, a medida que a estrela rei ia indo embora pelo horizonte. O frio começava a aparecer, mas um frio confortável. Não mais se ouvia barulho de bandos de pássaros, apenas de sapos e corujas, hora ou outra. Em paralelo o som brando do rio, que, neste ponto, já não tinha aquela correnteza forte.

[Filipe, faz um teste de percepção.... Sdds sua ficha aqui no fórum :< ]

Percepção +sobrevivência